Apenas 46% dos responsáveis pelas crianças buscam consulta médica nas UBS

IBGE divulga dados da PNAD Contínua referente ao módulo de Atenção Primária à Saúde que investigou a avaliação das pessoas responsáveis pela saúde das crianças menores de 13 anos de idade, que realizaram uma consulta nos últimos 12 meses anteriores à data da pesquisa.

Apresentamos uma síntese da nota de divulgação da pesquisa do IBGE, nas referências conta o link de acesso a matéria original.

Qual o objetivo da pesquisa?

Aparentemente é para conhecer a avaliação que os pais ou responsáveis pelas crianças menores de 13 anos fazem dos serviços de saúde, entretanto na nota técnica divulgada pelo IBGE com os resultados da pesquisa não constam a avaliação por tipo de serviço e nem por natureza jurídica como pública ou privada.

Como foi feita a avaliação?

O módulo da PNAD Contínua utilizado para essa investigação constitui uma versão adaptada e reduzida do Instrumento de Avaliação da Atenção Primária à Saúde (do inglês Primary Care Assessment Tool – PCATool), também validado no Brasil pelo Ministério da Saúde.

O questionário foi aplicado aos responsáveis pela saúde das crianças dessa faixa etária que tiveram pelo menos um atendimento na Unidade Básica de Saúde ou outros estabelecimentos como clínicas particulares, pronto atendimento entre outros. Os respondentes atribuíram uma nota ao serviço recebido, com base na última consulta médica da criança menor de 13 anos em uma unidade pública de saúde, nos últimos 12 meses anteriores à realização da entrevista.

As notas atribuídas foram transformadas em um indicador conhecido como Net Promoter Score (NPS), amplamente utilizado pelo setor de saúde no Brasil pelos planos privados de assistência à saúde. O cálculo do indicador pressupõe valores entre -100 e +100 e quanto maior o resultado encontrado, mais positiva será a avaliação. A pergunta do questionário que auxiliou no cálculo desse indicador era: Em uma escala de 0 a 10, onde “0” é não recomendaria de forma alguma e “10” com certeza recomendaria, o quanto você recomendaria este serviço de saúde para um amigo ou familiar?

Quais foram os motivos que levaram os responsáveis a buscar atendimento para a criança?

Os cuidadores das crianças relataram que os principais motivos para o atendimento médico foram: consulta de rotina (revisão, check-up, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento), 39,1%; problemas respiratórios ou de garganta (gripe, sinusite, amigdalite, faringite, asma, bronquite etc.), 30,9%; e outros motivos (febre, diarreia, vômito ou outros problemas gastrointestinais; acidentes, fratura, lesão, machucado; alergias e outros), 30,0%.

Local de atendimento, apenas 46,1% acessaram as UBS

Em 2022, a busca por atendimento em Unidade Básica ou Unidade de Saúde da Família para consulta médica das crianças menores de 13 anos ocorreu no País para 46,1% dos cuidadores dessas crianças, veja tabela abaixo:

Quais foram os resultados?

Primeiro é necessário registrar que os resultados são gerais, não por tipo de serviço acessado e também não consta no documento do IBGE o número de país ou responsáveis que responderam à pesquisa.

Resultado do PCAToll

Para o Brasil, o escore geral obtido, em 2022, foi 5,7. Embora a distribuição de pessoas que utilizaram o serviço de saúde seja bastante desigual regionalmente, a percepção geral desses usuários foi similar entre as Grandes Regiões: Sul obteve o maior escore geral (6,0) e Norte, o menor (5,4). As demais Regiões apresentaram escores gerais muito próximos: Nordeste e Centro-Oeste (5,7) e Sudeste (5,6).

Resultado do Net Promoter Score (NPS)

O cálculo do indicador pressupõe valores entre -100 e +100 e quanto maior o resultado encontrado, mais positiva será a avaliação. A pergunta do questionário que auxiliou no cálculo desse indicador era: Em uma escala de 0 a 10, onde “0” é não recomendaria de forma alguma e “10” com certeza recomendaria, o quanto você recomendaria este serviço de saúde para um amigo ou familiar?

Os resultados indicaram que os cuidadores das crianças que conseguiram acessar o SUS avaliaram-no positivamente: Brasil (+28), Norte (+28), Nordeste (+27), Sudeste (+27), Sul (+33), Centro-Oeste (+30). A Região Sul concentrava dois dos Estados com melhores avaliações: Rio Grande do Sul (+41) e Santa Catarina (+34). Na Região Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul (+35) e Mato Grosso (+34), e na Região Nordeste, Piauí (+36), Maranhão (+36) e Paraíba (+35), destacam-se com os melhores desempenhos.

Quais foram as conclusões?

A forma como o IBGE divulgou os dados ou como ele fez a pesquisa dificulta a compreensão dos resultados, porque aparentemente, os atendimentos realizados em consultório privado e em prontos atendimentos foram contabilizados como “atendimentos da atenção primária à saúde” em Unidades Básicas de Saúde do SUS.

Com o acesso aos bancos de dados ou a novas publicações será possível avaliar os resultados ou entender melhor como foi feita a pesquisa.

Referências

Agência de notícias do IBGE

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/35909-ibge-pesquisa-pela-primeira-vez-como-pais-e-responsaveis-avaliam-a-atencao-primaria-a-saude-infantil

Biblioteca do IBGE

https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101993

Por

Dirceu Klitzke
Sanitarista

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